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Prezados associados, prezados colegas do Tribunal, senhores Conselheiros, Auditores e Procuradores,

 

 Depois de mais de trinta anos ininterruptos no nosso querido Tribunal de Contas, mais precisamente em fevereiro de 2020, quando já se iniciava o período pandêmico, que até hoje nos preocupa, aposentei-me.

Esperava que pudesse, ainda em 2020, expressar minha gratidão com um belo texto de agradecimento, um gesto concreto de despedida dessa nossa amada instituição, mas, desde então, muitas emoções se assomaram à minha vida, fazendo com que a cada dia, este desejo se tornasse cada vez mais difícil de se realizar. Então, agora, apesar de continuarmos vivendo a pandemia, sem prognóstico certo de seu desaparecimento em nosso país, e em todo o mundo, percebo-me em condições de dizer algumas palavras que vêm lá do fundo do meu coração, para todos vocês, com quem convivi, e muitos, com quem tenho a grata alegria de continuar convivendo.

Nessa longa trajetória na Corte de Contas, tive a oportunidade de conviver com a evolução estrutural e técnica do Tribunal. Conheci um Tribunal quando entrei, consciente do tempo que estava por vir, um Tribunal de Contas pré-constituinte, que se sabia fundamental para alicerçar princípios tão caros ao estado democrático e republicano de direito, como o da transparência das contas públicas, o cuidado com o patrimônio público, a prestação de contas dos recursos públicos, o da finalidade, hoje tão bem condensados na expressão inglesa ‘accountability’.

Na minha jornada, que foi também a de muitos colegas que comigo entraram no concurso público de provas e títulos de 1986, tive a honra de conhecer pessoas de espírito aguerrido, valorosas, muitos altamente técnicos, muitos estudiosos, outros intuitivos, experientes, cada um contribuindo com sua genuína formação para valorizar e distinguir esse Tribunal também distinto, genuíno e multidisciplinar.

Quantos se foram pelo caminho deixando imensa saudade. Permito-me aqui mencionar apenas um deles, no qual homenageio tantos homens de bem, que aqui encerraram suas carreiras públicas, como o Conselheiro Nilson Gontijo dos Santos, figura lendária, mas para mim muito mais que isso, uma força, uma coragem, um coração paternal, emotivo, anti cartesiano, amoroso, ciente das suas responsabilidades e dedicado ao Tribunal, e com quem iniciei meus trabalhos de assessoramento direto, depois de trabalhar junto ao Conselheiro Mauricio Aleixo, outro grande homem, que, felizmente, está junto a nós.

Pois bem, são incontáveis recordações que guardo na minha memória, desde a evolução legal e constitucional do Tribunal, refletida no respeito alcançado no meio social, jurídico e contábil, até as afetivas, cunhadas na lida diária com tantos colegas, muitos hoje amigos. Um presente de rara beleza, a conquista de tantos amigos, dos mais simples aos mais importantes na hierarquia do Tribunal, mas todos indistintamente queridos, cada qual, pela riqueza que proporcionaram a minha trajetória de vida. E que me fizeram evoluir de alguma maneira.

Neste curto agradecimento não há espaço para mencionar alguns nomes que me tocaram profundamente, mas o importante é que os guardo definitivamente em meu coração. Muito obrigada a cada um de vocês. Toda gratidão a essa incrível instituição que se põe na luta junto às incríveis transformações das relações administrativas, a qual abracei amorosamente, e pela qual me sinto especialmente abraçada.

 

Jaqueline Grossi Fernandes Carvalho.

 

Belo Horizonte, maio de 2021.